Com a chegada de imigrantes no início da colonização de Alto Paraná, a maioria vindos dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, trouxeram enorme bagagem de conhecimento no plantio de lavouras e encontraram boas terras, tendo iniciado o plantio de inúmeras espécies de produtos agrícolas, em especial o café. Em uma década o município despontou como grande produtor agropecuário e sua densidade demográfica aumentou consideravelmente. Lembro que eram filas de caminhões abarrotados de sacas de café que se estendiam por toda a cidade. Os principais compradores que beneficiavam o produto eram os irmãos Sguissardi, Afonso e Ricardo, irmãos Dal-Prá, Dionísio, Armando e Claudino. Havia também a Cafeeira Maracajú que pertencia a Cacique de Café Solúvel de Londrina, na qual trabalhei por longo período com a compra de milhares de sacas, tanto limpo quanto beneficiado, a Cafeeira Aliança, a Pinho Guimarães, de um grupo de empresários da cidade de Garça, Estado de São Paulo, a Paulistana Cafeeira, de Agostinho Stefanello, Quintino Fernandes e Reginaldo Mafra, o Shoiti Massuda, com suas compras de cereais, o Pedro Garcia, com seus barracões estocados, principalmente de mamona, algodão e outros cereais. O município prosperava a passos largos e o aumento da produção em toda zona rural era visível, principalmente nas regiões de Santa Maria, nas estradas do Cedro e Jacareí, estendendo-se até o município de Sumaré, que infelizmente, por uma manobra na Assembleia Legislativa do Estado, foi autorizado a realização de um plebiscito, tendo votado somente os habitantes daquele Distrito. Assim, foi retirado parte do território de Alto Paraná, passando aquele Distrito a integrar o município de Paranavaí. O comércio encontrava-se em franco desenvolvimento, com as lojas do Ismael Sumaille, Narvai Tosti, Ilo Medeiros, Casas Pernambucanas, Comercial Casa de Máquinas, a Rede de Açougue dos irmãos Molin, a Metalúrgica do Herbert Weise, Fábrica de bebidas e muitas outras empresas que se beneficiavam do visível desenvolvimento do município, até que veio a geada negra, em 1975, dizimando praticamente todas as lavouras cafeeiras, atingindo as árvores até a sua raiz. Após esta catástrofe o município passou por esvaziamento da sua zona rural, com a necessidade da venda das pequenas propriedades, o que levou os agricultores a buscarem novas regiões. A maioria imigrou para a região centro oeste e Rondônia. Os cafezais foram substituídos pelo plantio de pastagem, com áreas maiores e a utilização de menor contratação de trabalhadores rurais. Por força destes fatos, buscaram-se outras alternativas de produção, terminando o ciclo da monocultura e ampliando o plantio de lavoura branca, principalmente algodão, mamona, feijão, milho, arroz, havendo um período de readaptação a esta nova realidade até que surgiram as empresas BATRAC e CANEBO, financiando e incentivando a plantação de mudas e a criação do bicho da seda, a citricultura, o plantio da cana-de-açúcar. Houve a implantação da indústria de curtumes, a indústria moveleira se ampliou, com produtos de excelente qualidade e o que constatamos atualmente é o desenvolvimento industrial e boa produtividade na agropecuária, com diversificação da sua produção. A cidade se desenvolve, oferecendo um bom padrão de vida a seus habitantes, áreas de lazer e boas praças de esporte, somado a perspectiva de crescimento. As bases estão solidamente plantadas para que as futuras gerações sintam o prazer de residir neste belo espaço do norte do Paraná, assim como eu, que por um período de quase trinta anos, tive a alegria e o prazer de nela habitar e me sinto cidadão alto-paranaense com o agraciamento do título de cidadão honorário concedido pela sua Câmara de Vereadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário