Pérola

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Euclides Bogoni – Jornalismo de Qualidade















“O bom jornalista tem a sagrada missão de informar e formar opiniões, por isso deve exercer seu mister com ética, honradez e competência, sendo o arauto da verdade dos fatos.” (Tadeu Fernandes).


Ainda jovem conheci Euclides Bogoni quando residia em Alto Paraná, guardando na memória a apresentação de uma peça de teatro no salão paroquial sob sua direção. A minha participação era de um soldado que em dado momento teria que empunhar uma espada e proferir algumas palavras. O certo é que depois de uma semana decorando o texto no exato momento me deu um “branco” e fui salvo pelo “homem da coxia”. O Bogoni e meu tio Polidoro eram amigos. Bogoni transferiu residência para Paranavaí e fundou, em 1955, o “Diário do Noroeste”. O Polidoro, na mesma época, transferiu residência para Nova Esperança e criou o jornal “O Regional”.

Por mais de cinquenta anos Euclides Bogoni registra e cobre os principais acontecimentos de Paranavaí e da vasta região do noroeste do Estado do Paraná, incluindo mais de 27 municípios. Com ele dialoguei várias vezes na sede do antigo jornal, tendo, posteriormente, adquirido o imóvel que havia pertencido ao Afonso Sguissardi. Durante mais de meio século, sempre à frente de seu matutino, preside com imparcialidade, publicando os fatos como acontecem, retratando a verdadeira expressão da verdade. Jamais transigiu com interesses escusos, não se aliou em conluios ideológicos ou partidários. Sua linha de conduta e seu compromisso sempre foram atrelados à verdade dos fatos, cobrindo notícias e divulgando-as, buscando sempre melhor informar seus leitores. Sempre esteve presente nos momentos mais importantes da vida política do noroeste do Paraná, sem ceder do direito de divulgar o que realmente acontece. É um digno jornalista que deve servir de exemplo às novas gerações, tendo prosperado o que merece e que a vida lhe deu, fruto de muito trabalho e dedicação à sua profissão. Pauta em suas páginas a história de Paranavaí e região, com muita altivez, digna de um grande homem que dedica sua vida a uma causa com a nobreza e objetividade de vida. Ainda mais jovem, apesar de algumas dificuldades em caminhar, lá estava, com seus passos lépidos e sempre atento aos mínimos detalhes, portando em seu peito sua câmera fotográfica roleflex, registrando o tempo para depois detalhar os textos que seriam impressos e lidos em seu jornal. Assim é a vida de Euclides Bogoni, homem simples e afável, tranquilo nos seus gestos, tratando a todos com humildade e apreço, seguindo a estrada da vida com conduta irreparável á frente de seu jornal. O seu meio de comunicação (Diário do Noroeste) passou a ser um patrimônio que não é só seu, mas de Paranavaí e do noroeste do Paraná, por ser paradigma do bom jornalismo, provando que a notícia quando provém da busca da verdade tem a credibilidade de seus leitores. Atualmente, com seus passos mais lentos, mas muito ativo é digno das mais elevadas e justas homenagens, por ser o protagonista que registrou e registra com suas lentes e seus textos a verdadeira leitura que interessa a seus fieis seguidores.

Sorte teve na vida, mas não a teria se não tivesse talento e isso tem de sobra. No futuro restará um legado que deve ser eternizado como um dos mais ilustres e notáveis cidadãos que honra sua terra e sua profissão, enobrecendo o jornalismo de qualidade, pessoa que muito me honra tê-lo na minha relação de amizade.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Água Doce




















Aquífero Guarani – 70% no Brasil

“Sem água, a vida da Terra seria impossível. Presente em até 80% de nosso corpo, ela é imprescindível a todos nós, desde o útero materno até a morte”. (Nelson Gandur Dacach)


Fala-se muito em desmatamento da Amazônia, dos problemas ambientais do pantanal, da destruição da mata atlântica, do aquecimento global, o que não deixa de ser aspectos preocupantes da necessária convivência do homem com a natureza, certamente pagaremos um preço muito alto por não preservarmos os bens naturais que o planeta, através de milhares de séculos nos legou. É chegado o momento do basta, não se admite a utilização irracional dos recursos não renováveis para beneficio.

A história da humanidade se divide em períodos, antiga, média, moderna e contemporânea, agora, certamente inicia-se a era eco-planetária, tendo como objetivo o homem servir-se das riquezas naturais sem degradação e respeito a flora, a fauna e nossas florestas, principalmente não poluir nossos mananciais e preservar a água doce ainda existente.

Com o aumento desordenado da população e o desenvolvimento industrial, o homem passou a destruir os recursos naturais e o que havia de matas na Europa, Ásia e África. Dito isto passamos a enfocar o assunto que nos leva a reflexão principal que é a utilização da água doce.

O problema mundial para o futuro certamente não será o petróleo, mas sim o consumo de água doce. A importância da água é tão grande, ao lado do ar, da terra e do fogo, constituindo uma substância que é possuidora de estado sólido, líquido e gasoso, contém por litro de 60mg a 350 mg de minerais e de 20cm3 a 45 cm3 de gazes do ar, segundo especialistas deve ser tomada a 5ºC e não ultrapasse 15ºC, para o melhor paladar e a saúde.

O próprio Aristóteles já dizia que “água salgada, quando passa a vapor, se torna doce e o vapor não resulta em água salgada depois que se condensa”. O deserto de Saara é o mais seco do planeta, vem depois Aricas no Chile e Cherrapundi na Índia. No Kuait, maior centro petrolífero, toda a população consome água do mar dessalizada, antes fornecida pelo Iraque de barco ou avião. Se o nosso planeta fosse linear 2,7 km de espessura o cobriria. O que realmente existe para o consumo é apenas 1,5% na forma de mananciais, 99% em lagos e 0,9% pelos rios e riachos.

É bom destacar que a água é de suma importância para a sobrevivência humana, produz energia, irriga os campos, navegação marítima, fluvial, matéria prima para atividades industriais. Segundo pesquisadores 97,5% da água é salgada, somente 0,26% da água doce é disponível, sendo que a destruição dos mananciais, assoreamento de rios e lagos, impermeabilização do solo, desmatamento em torno dos rios, consumo excessivo e represamento. Assim, é necessário proteger as nascentes, preservar as matas ciliares, combater a poluição dos rios, o despejo de esgoto doméstico e industrial, construir aterros sanitários próprios, reduzir o consumo de água, planejar melhor a construção de usinas.

Apesar de a natureza ser dadivosa com o Brasil em recursos hídricos, a utilização e a poluição será um legado triste para as futuras gerações pela poluição e uso inadequado, alguns dizem que detemos quase 20% da água doce do mundo, mais de 92% do território recebe chuvas, a exceção do semi-árido, só a Amazônia contem 78% da água de superfície, enquanto na região Sul que concentra a maior densidade populacional não chega a 6%, a água na costa brasileira está cada vez mais escassa e cara.

Segundo estudiosos a água ocupa 72% da superfície, o potencial hídrico subterrâneo é 100 vezes maior. Do total, somente 0,64% é água doce, sendo que a subterrânea é  mais pura. Se não houver legislações rígidas e políticas públicas pra valer em poucos anos o valor da água doce será o bem mais valorizado no planeta e milhares de pessoas morrerão por falta do precioso líquido, sabe-se que os agrotóxicos utilizados na irrigação agrícola, principalmente nas nascentes, já mataram milhares de animais e peixes por contaminação, acarretando uma comum a utilização de poços artesianos e poços do lençol freático.

A agropecuária deve ser rigorosamente monitorada, com sistemas de filtros que podem melhorar a qualidade dos produtos. A lei 9433/97 adotou os princípios básicos para a utilização das águas e definiu a organização e compartilhamento do uso da água, resta que órgãos públicos disponham de meios para fiscalizar sua aplicação. O futuro reserva conflitos entre nações, em alguns caso já se concretizaram na Índia onde  milhares de agricultores foram presos roubando água. A Colômbia importara água por embarcações e trens, na Austrália existe restrições rígidas de consumo, segundo o Banco J.P Morgam, metade do planeta já enfrenta problemas com o consumo d’água, constando que o desequilíbrio entre a oferta e a demanda, o crescimento demográfico, a urbanização e a mudança climática são os fatores principais. Segundo estudiosos da matéria até 2.030 quase 50% da população mundial terá graves problemas de abastecimento de água, este será o grande desafio do futuro.

A dessalinização será uma mínima parte na solução de consumo de água potável, problema que Las Vegas terá por falta de chuvas e aqüíferos para o uso da população que certamente grande parte deverá deixar a cidade. Segundo Stephen Hofmann a água  gera quase 500 bilhões de dólares de  lucros anuais as indústrias e será, a curto prazo, a comodidity mais cobiçada no planeta e ultrapassará em muito o preço do petróleo. O Japão, a Suíça, a Inglaterra, a Austrália e os Estados Unidos saíram na frente da fabricação de componentes e equipamentos para melhor captação, a China foi vencedora num dos maiores contratos para dessalinização na Argélia, tanto Osaka como Los Angeles estão planejando adotar preços progressivos para água e saneamento.

Nós deixamos de dar atenção devida porque para utilizá-la é só abrir a torneira. O site Ambiente Água registra que a hidropirataria é um novo crime que já chegou aos rios da Amazônia. Depois de sofrermos com a biopirataria, roubo de minérios e madeiras nobres, agora é o trafico de água doce, navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios nos rios da Amazônia antes de saírem das águas nacionais com saque a céu aberto de nossas riquezas. A defesa dos nossos recursos hídricos está na Constituição Federal, art. 20, inciso III, tanto a marinha como a Polícia Federal tem que atuar para impedir que somente um navio leve o suficiente para abastecer a cidade de Manaus por um dia.

Temos que cuidar muito na defesa de nossa soberania, proteger nossos mananciais e recursos hídricos. As águas da Amazônia são cobiçadas por outros países por ser a maior bacia da terra e deter a maior rede hidrográfica com mais de mil afluentes.

O aqüífero Guarani é a maior reserva de água doce do mundo (1,2 milhão Km2), onde 70%, ou seja, 840 mil quilômetros quadrados, estão localizados no território brasileiro nos Estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina. O restante, encontra-se na Argentina e Uruguai, seu nome foi atribuído a tribo Guarani, livre de contaminação, mas, em razão da concentração de produção agrícola com a utilização de herbicidas é necessária a redução de agrotóxicos, podendo haver, a curto prazo, poluição irreversível.

As guerras entre nações será em razão da água doce, mais de 60 países estão em zona áridas, guerras ou ameaças de guerra já tem acontecido. Israel tem seus olhos para as colinas de Golan e Gaza. Os rios Jordão, Iamuk e Litani são assuntos de segurança nacional. O rio Indo já é motivo de disputa entre Índia e Paquistão, Índia e Bangladesh  disputam o Ganges, o Tigre e o Eufrates são disputados pelo Iraque, Turquia e Síria, os EUA tomaram parte do rio Colorado do México para irrigar os desertos do Arizona e a Califórnia, também a bela Las Vegas que não chove há dezenas de anos, o próprio rio Paraná tem causado atrito entre Brasil e Argentina, a construção de um curtume no Uruguai quase desencadeou um conflito com a Argentina.

A Arábia Saudita pretende deslocar um enorme iceberg ao longo de 8.000km para suprir de água potável, dizem ter 100 milhões de toneladas. Nós que habitamos Rondônia, na Amazônia legal, temos o rio Apediá, Guaporé, Ique, Ji-Paraná, Madeira, Paraná-Pixuna, Roosevelt, Candeias e Jamari, com um manancial hídrico que nos coloca em situação mais privilegiada no futuro, resta-nos protegê-los a todo custo, tanto os organismos públicos como nós cidadãos, tratá-los como jóia rara, os quais tem valor infinito para a  nossa sobrevivência e da futuras gerações, devemos ser mais cautelosos e protetores desta riqueza que a natureza nos legou, devendo ser consentida a utilização de recursos hídricos para gerar energia com maior rigor, pois infelizmente o que vemos é que seremos utilizados para atender a demanda do Sul e suas indústrias e a compensação até agora não é visível.

Antes de sua devastação o potencial hídrico do noroeste do Paraná era um dos mais abundantes do sul do Brasil. Em apenas uma década destruíram suas matas, sua flora, sua fauna, suas matas ciliares e suas nascentes de rios. Lembro que em Alto Paraná, nós, guris, íamos em bando mergulhar nos riachos da Água do Cedro, Jacareí, e também na baixada que dá acesso a Paranavaí, num local chamado “esfria saco”. Perto de Paranavaí existiam vários e abundantes riachos e seu principal era chamado de Rio Surucuá, com suas águas limpas e cristalinas. Perto da ponte morava o “velho do Surucuá”. Mais parecia o homem das cavernas, com olhos esbugalhados, cabelos longos e encaracolados, pele enrugada, roupas aos trapos e sempre de chinelo, portando sempre o seu bornal a tira-colo. Vivia em seu casebre coberto de palhas e não faltava água para tomar e se banhar. Foi-se o velho e o rio Surucuá. Acabaram com o principal recurso hídrico, restando somente a lembrança de sua existência, além de histórias para contar de um passado bem recente na cidade do fim da linha.

Os nossos mananciais, nosso rios, de ora em diante, certamente serão melhor protegidos. E só aceitaremos sua utilização com compromisso de respeito ao meio ambiente, a nossa fauna, nossos rios e nossas florestas, devendo os brasileiros se orgulharem da sua terra, suas riquezas e esperanças em dias melhores.

Dr. Tadeu Fernandes - OAB/PR 4892 e 79-A/RO

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pedrão, Valdir e Melão – Notáveis Altoparanaenses



























A família do Pedro Garcia foi uma das primeiras a chegar em Alto Paraná. Eram vários irmãos que sempre foram focados para o trabalho. A minha relação de amizade com o Pedro Garcia, inicia-se ainda em tenra idade, seguindo no primário, segundo grau e faculdade de Direito. Sempre foi uma pessoa de hábitos simples e ações equilibradas, com fala pausada, digna de um bom mineiro, transita com naturalidade em todas as camadas sociais. Já no tempo da adolescência, notava-se que tinha vocação à vida política. Fomos eleitos vereadores juntos. Quando pleiteou pela primeira vez a candidatura a prefeito, pela ARENA – 2, na Convenção realizada no CRAP, dei a ele dois votos, um como membro de diretório e outro de qualidade como vereador e Presidente da Câmara. O Pedro se elegeu prefeito, eu me reelegi vereador e Presidente da Câmara, tendo também, o Pedro, se elegido novamente como prefeito em outras eleições, deixando um legado de bons empreendimentos. Trata-se de uma boa pessoa que muito me orgulha de fazer parte do rol de suas amizades.

O Valdir Molim, oriundo de Canela/RS, chegou com sua numerosa família em Alto Paraná, Trabalhou em uma fábrica de arcodeon naquela cidade. Seu pai, Mariano Molim, era um homem bastante cristão e criou seus filhos de forma digna e correta. O Valdir e a maioria de seus irmãos labutava na criação de gado de corte e tinham açougues na cidade. Sempre o tive como uma pessoa séria e homem da lida, amigo sincero e cumpridor de suas obrigações. Estudamos juntos até nos formarmos bacharéis em Direito na faculdade estadual de Ponta Grossa. Casou-se com a filha do Ilo Medeiros e constituiu uma bela e honrada família.

O Melão é meu compadre de todas as horas, meu íntimo e estreito amigo. É uma pessoa ímpar que enobrece suas relações de amizade. Crescemos juntos como irmãos. Só a rua separava nossas residências. Durante muitos anos convivemos e compartilhamos das belezas da juventude. Quando casamos, nossas casas foram construídas ao lado uma da outra. Sou padrinho de casamento dele e ele do meu, e ainda, de batismo de seu filho Pedro, não tendo em momento algum, apesar da distância, deixado de manter uma saudável e feliz convivência. O Melão é pessoa da lida, tendo amealhado merecidamente o que a vida lhe deu, ao lado da Lucinha que tanto prezamos.

Estas três pessoas são altoparanaenses de adoção que muito fizeram e ainda fazem para a consolidação do município de Alto Paraná. Seres humanos honrados que certamente serão lembrados como os verdadeiros imigrantes que construíram suas vidas neste belo espaço físico do estado do Paraná, seguramente, no futuro, deixarão um legado do trabalho e honradez. Não posso deixar de registrar que nós quatro chegamos em Alto Paraná quase na mesma época e fomos eleitos vereadores do município. Feliz coincidência que muito me honra.